Narcisistas, sociopatas e psicopatas corporativos, como identificá-los nas organizações?

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Primeiramente é muito importante descrever (resumidamente) como cada um destes perfis é caracterizado. Então vamos lá:

Narcisismo ou transtorno de personalidade narcisista:

Acho que todos conhecem a lenda de Narciso, que passou dias e noites admirando a sua própria imagem refletida em um lago, até que acabou morrendo, vítima de sua própria vaidade.

Então, segue abaixo um resumo das principais características do transtorno narcisista:

  • Extremamente vaidosos.
  • Possuem alto senso de grandiosidade com expetativas de tratamento superior aos outros.
  • Fixação por fantasias de poder, sucesso, inteligência, atratividade, etc.
  • Autopercepção de ser único, superior e associado a pessoas e instituições de alto status.
  • Necessidade constante de admiração por parte dos outros.
  • Senso de direito a tratamento especial e a obediência de outros.
  • Exploração de outros para obter ganho pessoal.
  • Falta de interesse e empatia.
  • Não se importa com os sentimentos, desejos ou necessidades dos outros.
  • Intensamente invejosos dos outros e a crença de que os outros também têm inveja deles.
  • Atitude pomposa e arrogante.

  Sociopatia:

O termo Sociopata é utilizado para descrever uma pessoa que sofre de sociopatia, um transtorno de personalidade que provoca um comportamento impulsivohostil e antissocial. As principais características são:

  • Arrogantes e orgulhosos.
  • Não se importam com os sentimentos dos outros.
  • São frios e indiferentes.
  • Raramente são capazes de ter empatia.
  • Ignoram regras sociais e normas legais.
  • Desconhecem o sentimento de culpa.
  • Não aceitam punição ou não aprendem com ela.
  • Têm problemas para aceitar crítica e não fazem autocrítica.
  • Colocam sempre a culpa nos outros.
  • Possuem dificuldade para construir relacionamentos duradouros.
  • Baixíssimo nível de paciência.
  • Buscam o poder e o prazer a qualquer custo.
  • Não se incomodam em mentir.
  • Falta de senso de perigo.
  • Comportamento antissocial, exceto quando tem segundas intenções.

Psicopatias:

Um psicopata é uma pessoa que sofre de um distúrbio psíquico que afeta a sua forma de interação social, muitas vezes se comportando de forma irregular e antissocial. Em sentido mais amplo, uma psicopatia é uma doença causada por uma anomalia orgânica no cérebro e também pode ter relação com algum trauma ou abuso sofrido no passado, especialmente na infância. As principais características são:

  • Eles têm uma boa oratória e charme.
  • São simpáticos e sedutores num primeiro momento.
  • São encantadores e tem boa lábia.
  • Têm uma autoestima exagerada. Se acham melhores que os outros.
  • São mentirosos patológicos. Mentem principalmente para conseguir benefícios ou justificar suas condutas.
  • Têm comportamento manipulador.
  • Têm mania de perseguição.
  • Não sentem remorso ou culpa.
  • Quanto à afetividade, são frios e calculistas.
  • Não aceitam as emoções, mas conseguem simular sentimentos se for necessário.
  • Não sentem empatia. São indiferentes.
  • Podem manifestar crueldade. Sentem prazer em causar dor e sofrimento aos outros, tanto fisicamente quanto psicologicamente.
  • Têm uma incapacidade patológica para assumir a responsabilidade pelos seus atos.
  • Não aceitam os seus erros.
  • Eles raramente procuram ajuda psicológica, porque acham que o problema é sempre dos outros.
  • Ficam aborrecidos facilmente.
  • Têm falta de compreensão das consequências de suas ações.
  • Demonstram problemas de conduta desde a infância.
  • Eles têm propensão para ação criminal.
  • Eles preferem golpes e delitos que requerem a manipulação de outros.
  • Têm tendência a uma vida sexual promíscua, com vários relacionamentos breves e ao mesmo tempo.
  • Gostam de falar sobre suas conquistas e proezas pessoais e sexuais.
  • Acumulam muitos casamentos de curta duração.
  • Não se comprometem por muito tempo por ter que manter um vínculo.
  • E, se forem inteligentes o bastante, os outros não perceberão esse comportamento psicopata.

Destacando que tanto os sociopatas quanto os psicopatas se enquadram na categoria de transtornos de personalidade antissocial segundo o DSM, que é o manual de estatísticas e saúde mental, amplamente utilizado por médicos e psicólogos para diagnósticos de doenças mentais. Como vocês já devem ter notado, os sociopatas e os psicopatas (e mesmo os narcisistas em menor grau) possuem traços bem similares, sendo que os psicopatas em geral são mais frios, manipuladores e cruéis que os sociopatas. Nem sempre um sociopata pode desenvolver uma psicopatia, porque como dito acima, a psicopatia geralmente carrega um componente genético. Uma pergunta frequente que surge é se um narcisista é também um sociopata ou psicopata. A resposta é: não necessariamente, mas o sociopata e o psicopata em geral também são narcisistas.

É muito provável que vocês já tenham pensado em algumas pessoas que vocês conhecem com algumas destas características, não é mesmo?

Na verdade, é cada vez mais frequente encontrarmos profissionais com estes perfis nas organizações. Talvez porque o alto nível de competitividade, a pressão crescente por resultados, as estruturas enxutas, o ambiente macroeconômico, as altas taxas de desemprego e a ameaça causada pela pandemia estejam contribuindo ainda mais para o desenvolvimento destes transtornos.

Ambientes tóxicos nas empresas:

O risco para as pessoas e corporações é muito grande em contratar, conviver e manter funcionários com as características acima, porque estes podem criar um ambiente extremamente tóxico, insalubre e caótico, impactando negativamente o clima organizacional, a qualidade de vida dos seus colaboradores e consequentemente os resultados das empresas.

É verdade que estes comportamentos são mais presentes e visíveis em cargos de liderança pela relação estreita com o poder. Também é verdade que certas empresas preferem empregar pessoas com estas características para atuarem em posições estratégicas, em que a falta de empatia e a frieza possam ser requisitos básicos para reestruturações, mudanças de rotas, rentabilização a curto prazo do negócio, etc.

O problema é sempre o prejuízo que estes profissionais podem acarretar a médio e longo prazo, com o comprometimento do espírito de equipe, falta de motivação, falta de engajamento, distúrbios causados pelo stress elevado, como Burnout, transtorno de pânico, depressão, dentre outras doenças psicológicas e físicas, além de processos trabalhistas por assédio moral, etc.

Sem falar no aumento significativo de turnover! Segundo um levantamento feito em 2019 pela multinacional de recrutamentos Michael Page, oito em cada dez funcionários pedem demissão por causa de seus superiores imediatos. Portanto, os funcionários na realidade pedem demissão de seus chefes e não de suas empresas.

E não é só no mundo corporativo que encontramos narcisistas, sociopatas e psicopatas, mas em muitos outros segmentos da sociedade, especialmente na classe política, que é muito identificada com status e poder. 

Segurança Psicológica nas empresas:

Certamente, em ambientes tóxicos há muito medo e em um ambiente de medo os colaboradores irão se preocupar basicamente com o instinto de preservação ou sobrevivência, concentrando todo o seu foco e energia em manter seus empregos, sem contribuir integralmente com o crescimento da organização.

Em 2018 a professora Amy Edmondson da Harvard Business School lançou o livro “The Fearless Organization”, ou “ A organização sem medo” em Português, que fala exatamente sobre a segurança psicológica nas empresas. Para ela, segurança psicológica é a capacidade de se mostrar e posicionar-se sem medo das consequências negativas da sua própria imagem, status e carreira.

A autora diz que em organizações sem medo existe um ambiente propício para a criação de culturas em que o conhecimento e a inovação prosperam porque as pessoas se sentem seguras para contribuir com suas ideias. Na verdade, muitos talentos são desperdiçados porque as pessoas não são capazes de falar abertamente, propiciando um fluxo contínuo de novas ideias, novas soluções e pensamento crítico necessários para que as empresas se mantenham inovadoras. Mesmo que nem toda ideia se torne um sucesso, a cultura de uma organização não deve ser suprimida, silenciada, ridicularizada ou intimidada a fim de criar locais de trabalho que sejam seguros, sem medo e empoderados para vencer com ideias irrestritas.

Portanto, as empresas terão muito mais chance de obter êxito e sucesso, mantendo uma cultura humanizada, democrática, transparente e saudável. Dados de uma pesquisa recente do instituto Gallup revelam que com segurança psicológica as organizações podem obter uma redução de 27% na rotatividade de seus funcionários, 40% menos incidentes de segurança e um aumento de 12% sobre a produtividade.

Por isso, especialmente no momento em que vivemos, torna-se cada vez mais importante o papel da liderança e do RH, no sentido de ficarem atentos ao ambiente e ao clima organizacional de suas equipes, a fim de mitigarem os potenciais riscos que colaboradores com os perfis descritos acima possam causar, comprometendo desta forma os resultados e o sucesso de seus negócios no médio e longo prazo.

Em resumo, é claro que cada um de nós pode possuir alguns traços de narcisismo, sociopatia ou psicopatia como mencionado acima, porque afinal de contas, como diz o ditado: “de médico e louco todo mundo tem um pouco”, porém, quando estes traços começam a causar problemas para nós mesmos e para as pessoas a nossa volta, é muito importante pedir ajuda para evitar problemas futuros em nossas carreiras e pior ainda, na nossa vida pessoal e familiar. _________________________________________________________________________

Autor: Claudio Vieira, formado em Admnistração de Empresas, com pós-graduação em Marketing, pós-graduação em Psicologia, MBA em Gestão empresarial, formação com certificação internacional em Coaching e Mentoria e atualmente graduando em Psicologia Organizacional.

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